Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM

Modernidade Europeia – Coleção Murilo Mendes

Travessias, as curadorias sempre instigam conhecimento do universo da arte e do mundo, e, neste caso, do “poeta peregrino” Murilo Mendes, singular colecionador que despido de pretensiosas ambições, reuniu em Roma uma admirável coleção de arte europeia que nos assente, similar à sua obra literária, incomensuráveis leituras críticas.

A permanência de Murilo Mendes e Maria da Saudade na Itália dimanou amizade com significativos criadores da arte europeia no século XX, num “verdadeiro encontro de culturas”, referência outorgada pelo bibliógrafo José Mindlim à coleção de artes visuais do poeta: pinturas, esculturas, desenhos e gravuras; testemunho desse encontro.

Ao longo do tempo da permanência, essa coleção hoje abrigada no Museu de Arte Murilo Mendes, sugestionou inúmeras mostras que advieram da pesquisa e crítica fundamentadas na discussão da obra e do percurso do poeta. Este recorte do conjunto de gravuras seletado, visa a proporcionar ao observador uma panorâmica abrangente do movimento de estilos da arte europeia por meio de pintores que elegiam a gravura, quase sempre, como segunda linguagem, embora nunca a destituíam do registro pessoal, exortando à linguagem em seriação, e ocasionando, compatível à vanguarda dos movimentos políticos e sociais modernos, à democratização da arte.

Modernidade Europeia na coleção Murilo Mendes (2017), idealizada no recorte da linguagem da gravura em estilos e técnicas diversas: litografias, gravuras em metal e serigrafias; salvo raras exceções, quase na totalidade, foram presenteadas ao casal Mendes pelos amigos criadores, e algumas poucas adquiridas por paixão pelo seu criador, como testemunhamos por dedicatórias ou registros, à lápis, do próprio poeta.

A opção pelas gravuras de Picasso, Ensor, Rouault, Miró, Arp, entre outros, constituem magníficos exemplares que traduzem o gosto estético e, sobretudo, a paixão do poeta-colecionador, interrompida somente por sua morte (1975), quando veraneava de férias em Lisboa, cidade “consabidamente bela […] pastoreando o rio e o mar; em colinas, mais autênticas que as (portáteis) de Roma” , descrita pelo poeta em Janelas Verdes.