Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
Juiz de Fora é filha de Portugal. Quase todos nós que aqui vivemos temos origens portuguesas, raízes que nessa Terra de Santa Cruz se entrelaçaram a tantas outras: nativas, africanas, espanholas, italianas, alemãs, libanesas… Somos fruto de navegadores ousados, de bandeirantes destemidos, de imigrantes que aqui fincaram seus sonhos. Surgimos da “Fome do ouro”, de trilhas infindas e um caminho de emboscadas margeando um rio caudaloso. Descanso de tropeiros obstinados na rota do ouro e do sal, margens do Parahybuna, boiada, Fazenda do Juiz de Fora, distrito, Vila de Santo Antônio do Paraibuna, Juiz de Fora. Nessa sequência, deu-se a história que hoje contamos.
A partir de sua cidade-berço, o poeta Murilo Mendes acompanhou o Cometa Halley, ultrapassou seu Himalaia da infância: o Morro do Imperador, e se lançou, de fato, para além-mar, vivendo do Verbo e aproximando-se intimamente da Cor sem nunca se afastar dos sons dos pianos que cercavam seu torrão natal. Fez de sua vida seu verso, mostrou-se e mostrou-nos, viveu seus amigos, foi seu contemporâneo. Amou e terminou os seus dias na antiga raiz de grande parte dos brasileiros, o velho continente.
O projeto Juiz de Fora – Verbo e Cor é uma homenagem da Universidade Federal de Juiz de Fora aos 163 anos de história de nossa cidade, traduzida em imagens e textos de artistas que dedicaram ou dedicam parte de suas obras como referências à urbe onde nasceram ou foram acolhidos. Palavras e tintas são duas linguagens irmãs, pelas quais Murilo Mendes transitou com desenvoltura, seja como poeta, como colecionador ou como crítico sagaz sobre a arte que grassava extraordinária em seu tempo, aqui e no exterior.
Sem jamais perder os elos com Juiz de Fora, a mesma que a seus olhos adolescentes parecia constituir uma única família, em que todos se conheciam, Murilo Mendes deixou explícito seu amor de muitas formas. Um de seus legados, o museu que leva seu nome e que a Pró-reitoria de Cultura tem a honra de gestar, traz Verbo e Cor como um tributo para a cidade e para o poeta, indo além das paredes da instituição no intuito de contar um pouco dessa rica história, que poucos tiveram a oportunidade de conhecer.
A compreensão de Juiz de Fora – Verbo e Cor, que, em um primeiro momento, traz os passos significativos Do início ao século XX, faz-se fundamental para que possamos entender de onde viemos e para que saibamos para onde queremos ir. Trata-se de um projeto poético e visual que pretende extrapolar os limites físicos da Universidade, alcançando principalmente alunos e professores de outras instituições, e abraçando a comunidade de um modo geral, para que se façam democráticos o conhecimento sobre as origens e o desenvolvimento de nossa cidade.
Gerson Guedes
Pró-reitor de Cultura da UFJF