Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
Uma lacuna no mercado editorial brasileiro, e sobretudo na vida dos “órfãos da poesia”, está prestes a ser preenchida com reedição das obras do poeta Murilo Mendes, empreendida pela editora Cosac Naify.
Marcado para próxima sexta, 26, às 19h30, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), o lançamento de “Convergência”, “Poemas”, “Idade do Serrote” e “Antologia poética” dá início ao projeto de colocar em circulação toda a produção do único escritor brasileiro laureado com o Prêmio Internacional Etna-Taormina.
Para celebrar a boa nova, o Mamm promove o seminário ”Murilo Mendes: o poeta revisitado” nos dias 25 e 26 de setembro. Repleto de atividades, a programação do evento inclui: mesa de debates com os maiores especialistas murilianos do país, exibição de vídeos, apresentação musical, sarau literário, entre outras. Não é necessário fazer inscrição e a entrada é gratuita. Aos participantes que assinarem a lista de presença durante os dois dias do seminário serão conferidos certificados.
Antecedendo ao lançamento, a partir das 18h30, ocorre uma sessão de leitura de poemas e de trecho das publicações realizada pelos também poetas Francisco Alvim e Laura Liuzzi e pelo jornalista Claufe Rodrigues.
A reedição
Coordenada por Júlio Castañon Guimarães e Murilo Marcondes, as publicações são acompanhadas de texto crítico e outros aparatos que possibilitam diferentes níveis de leitura, tanto para iniciantes na obra, quanto para leitores já familiarizados com o texto do mineiro.
A última vez que o poeta encontrou espaço em nossas livrarias foi em 2002, quando a Record reeditou “As metamorfoses” e “Idade do Serrote”, e no ano anterior, “Poesia e Liberdade” e “Tempo Espanhol.” Para a diretora do Mamm, a professora Nícea Helena Nogueira, a reedição ”concede nova vida ao trabalho de Murilo Mendes e garante a oportunidade de redescoberta do poeta pelas gerações mais recentes.”
Sem exagero, diante do lugar que o destino reservou ao poeta em nossa literatura e, paradoxalmente, sua condição editorial até então, é possível repetir a fala de Carlos Drummond de Andrade, em sua coluna no Jornal do Brasil, por ocasião da premiação italiana concedida a Murilo Mendes.
“É hora de tremular bandeiras, minha gente; de buzinar, badalar, clarinar, tirar o chope mais geladinho, entoar o jingle, a canção báquica em louvor do juiz-forano esguio e ilustre cuja poesia sensibilizou juízes európicos cheios de nove-horas, de sutilezas críticas, de critérios mais-que-abstratos”
Murilo Mendes renasce e merece ser lido.
Vida e obra
Murilo Mendes nasceu em Juiz de Fora no dia 13 maio de 1901. Da cidade, aos 9 anos, assiste à passagem do cometa Halley, fato que marca profundamente sua alma e visão de mundo. Ainda em Juiz de Fora, começa sua formação intelectual estreitando contato com poeta local Belmiro Braga, amigo de seu pai. Depois dos 16 anos, muda-se para Rio de Janeiro, onde vai estudar e mais tarde atuar profissionalmente. Neste período conhece Ismael Nery, artista sui generis que sintetizava elementos do catolicismo tradicional com propostas da arte moderna como o surrealismo. Ismael é influência decisiva na vida de Murilo Mendes, influência que culmina com a conversão do mineiro ao catolicismo, após a morte do amigo em 1934.
Em 1930, Murilo Mendes publica seu primeiro livro, “Poemas”. O trabalho recebe o Prêmio Graça Aranha. A partir daí seguem as publicações de: “História do Brasil”,1933; “Tempo e Eternidade, 1935”, publicado em parceria com Jorge de Lima; “A Poesia em Pânico”, 1938; “O Visionário”,1941; “As Metamorfoses”, 1944; “Mundo Enigma”, em 1945; e “Poesia e Liberdade”, 1947. Estes trabalhos conquistam o meio literário brasileiro e consolidam o nome de Murilo Mendes entre os maiores de nossa literatura.
O artista continua publicando diversos trabalhos, em prosa inclusive, e nos anos 50 é convidado a palestrar sobre cultura e literatura brasileira na Europa. Passa por diversos países, incluindo Portugal, Bélgica, Holanda e França. Em 1957, fixa residência na Itália, assumindo cargo de professor na Universidade de Roma.
Em 1972, ano de sua última visita ao Brasil, recebe o Prêmio Etna-Taormina. No ano seguinte publica a primeira série de “Retratos-relâmpago”. Em Lisboa, morre no dia 13 de Agosto de 1975, em razão de mal estar cardíaco. Ali é sepultado, havendo publicado em vida 23 livros e deixando diversos inéditos, sendo seis publicados postumamente.
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