Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
“A matéria-prima da imagem fotográfica é a aparência – selecionada, iluminada, maquilada, produzida, inventada, reinventada – objeto da representação. Para Boris Kossoyem “Os Tempos da Fotografia” essa imagem se apresenta como uma segunda realidade.
Possíveis verdades que o fotógrafo num fascinante processo de criação, construção e representação do objeto fotografado revela, criando um intenso diálogo com espaços-moradas – um território fragmentado de cenas, momentos, sensações, objetos encontrados e perdidos, pessoas que carregam consigo suas histórias particulares. O fotógrafo cria sua interlocução, a partir de seu repertório subjetivo de memórias culturais, sociais e psicológicas, enlaçando-as ás suas inquietações. As imagens lhe suscitam ausências, silêncios e narrativas ocultas. Brota, então, o olhar. Surge sua representação.
Observadores e espectadores, como dialogamos com as imagens? Fascinante pensar em como a fotografia pode inquietar o espectador. E uma mesma imagem pode instigar, de modo particular, cada um que a ela contempla. Movimenta a memória individual do observador e espectador. Está permitido despregar o olhar do conteúdo temático. Está permitido perseguir o que ali não se apresenta, mas é pressentido. A fotografia se revela quando suscita a dúvida, segredos, possibilidades de novas realidades. Quando punge seus mistérios e seu lado oculto. É neste momento, exatamente nele, quando a imagem fotográfica ultrapassa seu caráter puramente iconográfico, que o diálogo acontece entre a imagem estática e quem as vê. Desencadea-se aí uma viva movimentação. Humberto Nicoline em seus “Olhares Imersos”, faz um convite. O fotógrafo, esse homem-artista, quer dialogar.
Nina Mello – Curadora