Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
Três documentários que retratam histórias da Ditadura Militar brasileira são exibidos no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), seguidos de debates com pesquisadores, nos dias 14, 16 e 17 de abril. “Em busca de Iara” (2014), “Democracia em Preto e Branco” (2014) e “Osvaldão” (2014) narram, sob diferentes perspectivas, a trajetória de personalidades que contribuíram para a redemocratização do país. A mostra é parte do projeto Cinema Pela Verdade e tem como objetivo informar e aproximar o cidadão brasileiro desta raíz histórica.
O responsável pela ação é o Instituto Cultura em Movimento (ICEM), criado e reconhecido como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) em 2002, após o sucesso da iniciativa Cinema em Movimento. Por meio da parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e apoio da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, o instituto completa 12 anos de atuação nacional, promovendo mais de 15 mil sessões de cinema gratuitas para difusão da recente produção brasileira em circuitos escolares, universitários e comunitários.
Entre as diversas ações do instituto, o projeto Festival de Cinema pela Verdade possui 4 anos de existência e acontece exclusivamente em universidades brasileiras. A organização das mostras é feita por estudantes de cursos de Cinema, Letras, História, Jornalismo, entre outros, contemplados em editais de seleção. Estes jovens são contratados e treinados como agentes mobilizadores em uma semana com palestras, workshops, entrevistas e vivências propostas por professores de teatro e pedagogos, para poderem promover o evento em seus municípios. Este ano, o encontro aconteceu no Rio de Janeiro, entre os dias 2 e 6 de março.
A responsável pelas sessões de Juiz de Fora, que participou do encontro no Rio é a estudante de Cinema e Audiovisual do Bachalerado Interdisciplinar de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Júlia Aranha Amaral. Para ela, a presença do festival em todo o país faz com que o cidadão brasileiro relembre casos de violações dos direitos humanos, ocorridos durante a ditadura “que a própria história do Brasil narrada nos livros faz questão de esquecer”, diz.
No filme “Democracia em Preto e Branco” o personagem principal é um time de futebol, que adotou o sistema democrático de tomada de decisões em oposição ao governo: o Corinthians. Os 90 minutos de documentário acompanham e exaltam a importancia histórica de personagens como Wladimir, Sócrates e Casagrande, que com o exemplo no futebol contribuíram de forma crucial para a redemocratização do país.
Com o intuito de mostrar a vida de um personagem atuante no período ditatoral, “Em busca de Iara”, do diretor Flávio Frederico, juntamente com Mariana Pamplona, conta a história da guerrilheira Iara Iavelberg. Pamplona é sobrinha da militante, que participou de diversos movimentos esquerdistas, nos quais conheceu e se apaixonou pelo homem com quem se casou, Carlos Lamarca. Sem direcionar diretamente o olhar do espectador, o documentário apresenta fotos e curtas-metragens que dão a dimensão da época em um longa recheado de depoimentos de figuras importantes do Brasil nas décadas de 60 e 70. O filme, durante 90 minutos, acompanha as investigações de Pamplona, até a jovem chegar no apartamento em que sua tia morreu.
O último filme a ser exibido no Festival de Cinema pela Verdade, “Osvaldão” tem como tema a vida de Osvaldo Orlando Costa, mineiro de Passa Quatro, campeão de boxe, que se tornou o maior conhecedor da região da mata do Araguaia e o comandante da Guerrilha do Araguaia (1974) – ação armada no Pará, que lutava contra a ditadura. Sob direção de Vandré Fernandes, Ana Petta, Fábio Bardella e André Lorenz Michiles, o longa de 80 minutos, narra de forma antropológica, através de depoimentos de pessoas que conviveram com o guerrilheiro, a trajetória deste homem considerado “invisível”.
Com mais de 600 mostras e debates realizados, nesta edição em Juiz de Fora, os convidados para o bate-papo que acontece após a exibição dos documentários são pesquisadores e atuantes nas causas sociais da cidade. A proposta é gerar um diálogo entre participantes e pesquisadores sobre os filmes apresentados, com o intuito de promover a reflexão e instigar a consciência cidadã. Para conversar sobre “Democracia em Preto e Branco” a estudiosa, mestre em Ditadura, Daniela Livieux, se reúne à doutora em moda, Elisabeth Murilho, no dia 14 de abril, às 14h30 no Anfiteatro do MAMM. No mesmo horário e local, dia 16, a cientista política, presidente da Comissão Municipal pela Verdade de Juiz de Fora, Helena Motta Salles, faz o bate-papo com os participantes ao lado do ex-membro do extinto Comitê Municipal da Verdade, Agnaldo Paiva, com base na história de “Em busca de Iara”. E, encerrando as mesas de debate, o professor doutor em história Antônio Henrique Lacerda, a professora Cristina Guerra, vice-presidente da Comissão Municipal pela Verdade e o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Paulo Sérgio Tuca, trocam ideias sobre o último documentário da mostra, “Osvaldão”, dia 17, também às 14h30.
Festival Cinema Pela Verdade Data: 14, 16 e 17 de abril Horário: 14h30 Local: Museu de arte Murilo Mendes – Rua Benjamin Constant, 790 – Centro Entrada Franca Outras informações: 3229-7650 |