“A mulher em Juiz de Fora sob o olhar de Pedro Nava” discute gênero na passagem do século 19 ao 20

Capa com retrato de Maria Luísa Pinto Coelho Jaguaribe

Construído com base nas memórias do escritor Pedro Nava sobre sua avó materna, Maria Luísa Pinto Coelho Jaguaribe, “A mulher em Juiz de Fora sob o olhar de Pedro Nava”, de autoria de Rosali Henriques, é uma narrativa sobre o papel feminino na cidade durante a Belle Époque. O lançamento da publicação acontece na quinta, 28, às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM).                                                                                     

Arquitetado a partir de uma abordagem historiográfica, o trabalho abarca o período que vai do fim do século 19 ao começo do século 20. Nele, a autora traça o perfil da avó de Nava com fundamento em suas obras, sobretudo “Baú de Ossos” e “Balão Cativo”. Em seu escopo, o estudo de caso descreve uma conjuntura dos possíveis papéis para as mulheres do mesmo contexto socioeconômico da época.

A reboque, outra discussão levantada pelo livro trata do papel do narrador e sua função para memória social.“Esta pesquisa sobre as memórias do Pedro Nava é mais uma prova de como o registro da trajetória de um indivíduo guarda testemunho de uma época e classe social”, afirma a autora.

A personagem

No perfil traçado por Rosali Henriques, Maria Luísa Pinto Coelho Jaguaribe, aparece como mulher branca, oriunda de grupos sociais com projeção e hábitos escravocratas. Mesmo após a abolição do sistema escravagista, os traços da personalidade dominadora e violenta da avó de Nava se manifestam no relacionamento dos criados, tratados a base de palmatória e outras punições.

Além disso, a infidelidade masculina, aceita pelas mulheres da época como norma, e o papel essencialmente doméstico da mulher retratados no livro denotam certa submissão feminina, assunto central dos estudos de gênero da atualidade.

A autora

Rosali Henriques é formada em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora, tem experiência profissional com narrativas orais de histórias de vida, tendo trabalhado no Museu da Pessoa durante 16 anos. Além disso, é mestre em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia (Lisboa, Portugal) e doutora em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

Serviço