Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
À frente da direção do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) há uma semana, o artista e professor Ricardo Cristofaro assume a gestão do espaço com a proposta de tornar realidade o lema do patrono da instituição: “Não sou meu sobrevivente, mas sim meu contemporâneo”.
Para fazer multiplicar a herança e não viver apenas do passado, o novo diretor percebe a particularidade do MAMM em seus objetivos e metas, ao manter em sua estrutura a biblioteca e o acervo de artes visuais que pertenceram ao poeta, além de outros acervos que foram incorporados com o passar do tempo. Neste sentido, o Museu possui uma peculiaridade em relação a maioria dos museus, ao propor e desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão no campo da literatura e das artes visuais.
Cristofaro entende ser importante a continuidade de ações iniciadas pela gestão anterior que visavam a adoção da tecnologia digital como ferramenta para manutenção, conservação e acesso aos acervos. “Já existe um trabalho de digitalização de livros, documentos e fotografias em andamento. Essa etapa do projeto intitulado “Acervo Digital” permitirá a incorporação de novas tecnologias para o estudo e a pesquisa, além de preservar documentos raros”, argumenta.
Outra medida que o diretor destaca é a importância que será dada aos projetos de arte-educação no contexto museológico, ampliando suas atividades para além da visitação às mostras. “Os projetos de arte-educação do museu não devem se pautar apenas à visitação de mostras de artes visuais e atividades práticas correlatas. É necessário estimular e propiciar uma vivência contínua com as diversas artes e a cultura, bem como propagar o conhecimento da obra do poeta Murilo Mendes. Ações relacionadas ao cinema e à musica serão reavaliadas e retomadas”, afirma.
O diretor também observa que ações são necessárias para readequar o espaço do MAMM às atuais atividades que estão sendo desenvolvidas, bem como atualizar o espaço físico frente a novas perspectivas museológicas que estão sendo implementadas em todo mundo, além da aquisição de novos equipamentos. “A transformação do antigo Centro de Estudos Murilo Mendes em Museu de Artes Murilo Mendes, com a consequente ocupação do antigo edifício da Reitoria da UFJF, reformado e adaptado em 2005, foi uma ação de grande importância, com impacto direto na melhoria das condições de trabalho, e na criação e readequação de ambientes como a biblioteca, reserva técnica, galerias de arte e setores de restauro. O antigo CEMM cumpriu de maneira eficiente sua função enquanto existiu, mas o espaço físico foi se tornando inadequado com o tempo. A mudança para o antigo prédio da reitoria propiciou um maior conforto para o público, melhor atendimento aos pesquisadores e visitantes, além de maior visibilidade. Nesse momento, ações direcionadas a aquisição de novos equipamentos, revitalização e expansão dos espaços físicos e atividades do MAMM já são necessárias”.
Ricardo Cristofaro acompanhou todas as fases de gestação do que hoje é o MAMM: quando ainda era aluno do Curso de Educação Artística da UFJF nos início dos anos 1980, frequentava a biblioteca do poeta, acomodada em uma sala na Biblioteca Central, na companhia do professor Arlindo Daibert. Já como professor do Departamento de Artes, acompanhou em 1994 o trabalho de criação do Centro de Estudos Murilo Mendes e sua implantação no edifício da antiga Faculdade de Filosofia e Letras na avenida Rio Branco. No mesmo espaço trabalhou auxiliando o prof. José Alberto Pinho Neves na seleção e montagem da primeira exposição das obras de artes visuais do acervo em Juiz de Fora. Em 2005 trabalhou ativamente com a então Gerente de Cultura da UFJF, profa. Valéria Faria na idealização, projeto e implantação do MAMM. Sua ligação com o antigo CEMM e o atual MAMM ocorreu em vários momentos através de sua atuação no conselho consultivo e projetos de exposições. Com essa autoridade, o novo diretor planeja uma programação de eventos dinâmica para os próximos dois anos.
O diretor
Ricardo Cristofaro é professor associado do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora. Atua como artista plástico desde 1986, com exposições individuais e coletivas em diversas cidades no Brasil e exterior. Trabalha com ensino e pesquisa nas áreas de escultura, técnicas e tecnologias artísticas, fotografia e poéticas contemporâneas híbridas.
Sua trajetória acadêmica inclui Doutorado em Artes Visuais (concentração em Poéticas Visuais) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mestrado em Artes Visuais (concentração em Tecnologias da Imagem) pela Universidade de Brasília (UnB) e Graduação em Educação Artística pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Em 2006, realizou estágio de doutorado no Laboratório ATI – Arts et Technologies de l’Image, da Université Paris 8, Vincennes Saint-Denis, na França. Sua obra como artista plástico perpassa diversas linguagens, como a escultura, a pintura, a arte digital e a fotografia.
Ricardo Cristofaro tem dois livros publicados: Acroterium. Legendas para uma cidade em desaparição. Juiz de Fora: Funalfa Edições (2007) e Trabalhos em pedra e ofício da cantaria em Juiz de Fora e região. Juiz de Fora: Funalfa Edições (2016).