Mariana Musse lança documentário sobre vida amorosa na 3ª idade

Cena de “Sempre Amor” (Foto: Pedro Soares)

O amor e o amar em idade avançada, na terceira idade, é o tema do documentário “Sempre Amor”, de Mariana Musse, que será lançado nesta sexta-feira, 10, às 20h, no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM). O longa apresenta a experiência de sete personagens que já passaram dos 60 e como lidam com afeto nessa fase da vida.

Como relata a diretora, mesmo desconstruindo a ideia do amor romântico, o filme mostra que nessa fase, em que o funil de possibilidades da vida se estreita, o poder humano de se apaixonar, encontrar um companheiro, e a vocação para amar permanecem.
“Quis lançar um olhar para pessoas que estão em uma idade avançada, e já têm uma trajetória de vida,  tendo vivenciado, ou não, histórias de amor. Além de escolher pessoas que têm pouco lugar de fala. Somos impacientes para ouvir, quem dirá ouvir pessoas idosas. Quis valorizar suas lembranças e dar importância a elas, porque todos continuam amando tanto quanto a gente. Talvez de forma diferente, talvez não. São várias histórias muito peculiares e particulares”, afirma a diretora.

Na paisagem das vidas, “Sempre Amor” explora diversos cenários. A homossexual Zezé Garcia conta férvidas histórias e vive à espera de mais romances; próxima dos cem anos e viúva, Zuleika redescobriu o primeiro namorado e ex-noivo, após 60 anos, com qual conversa todos os dias. O casal Maria e Joaquim narra o dia do matrimônio, quando pegaram um trem para a lua de mel, em 1955. Wilma, por sua vez, admite com naturalidade que o pai de seus filhos e marido não foi seu grande amor. E, enquanto Ruth, morando em um abrigo de idosos, carrega até hoje no peito um amor platônico, Olga vive solitária com a certeza de que essa foi sua melhor escolha.
Do ponto de vista da linguagem visual, o trabalho remete ao estilo do cineasta Eduardo Coutinho, com as entrevistas sendo conduzidas de modo livre, no ambiente das personagens. A esse traço, Musse acrescenta à forma de seu longa uma fotografia poética e sinestésica. Além disso, imagens “de quebra” permeiam os diálogos, servindo como respiro entre as falas e histórias,  dando fluidez à narrativa.

“Sempre Amor” foi realizado com recursos da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura.

(da esq à dir) Mauro Pianta (fotografia), Mariana Musse (diretora) e Kiko Barbosa (Câmera) durante gravação de “Sempre Amor” (foto: Pedro Soares)

A diretora

Doutora em Comunicação pela Universitat Pompeu Fabra (Barcelona/Espanha), e Mestre em Documentário e Sociedade pela Escuela Superior de Cinema y Audiovisuales de Cataluña (ESCAC), Mariana Musse é responsável pela direção dos curtas “Jonathan” (2014) e “Dulia” (2011), sendo “Sempre Amor” seu primeiro longa. Também é fundadora da plataforma de cursos livres “Projeto Revoada” e Sócia do Cartola Studio (produtora de vídeos e conteúdo), além de ser autora do livro “Narrativas fotográficas no Instagram: autorrepresentação, identidades e novas sociabilidades”, publicado pela Insular.

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