“Assunto Peixe”: visitante do MAMM se aprofunda em pesquisa sobre obra de Pablo Picasso

É um peixe ou um pássaro? O animal retratado pelo artista espanhol Pablo Picasso na bilha que faz parte do acervo do Museu de Arte Murilo Mendes da Universidade Federal de Juiz de Fora (MAMM/UFJF) dividia opiniões. Mas isso mudou após a visita do procurador Daniel Barreto à exposição Coleção Murilo Mendes: 25 anos.

O objeto em barro policromado, identificado somente como “Sem título, sem data” na etiqueta que acompanha a obra na Galeria Convergência, chamou a atenção do visitante e o fez pesquisar sobre. “Artistas de grande renome ajudam a atrair atenção do público e valorizar o acervo. Daí, achei válido ajudar a obter a informação e o contexto da obra para o Museu”, conta Barreto, morador de Juiz de Fora há poucos meses, que visitava o MAMM/UFJF pela primeira vez.

Dias depois, nos enviou as informações pesquisadas. No texto, o procurador trouxe dados sobre a obra e outras curiosidades.

Sobre a obra

“Sujet Poisson”, que em português significa “Assunto Peixe”, é fruto do contato de Picasso com a Galeria Madoura, na França. O artista, ao longo de 24 anos, produziu mais de 633 diferentes peças – entre esculturas, vasos, pratos e, até mesmo, um aparelho de jantar completo – que foram lançadas em edições limitadas. O objeto que fez parte da coleção do poeta juiz-forano foi concebido em 1952 e executado numa edição de 500 exemplares.

O “peixe” do MAMM/UFJF traz, em sua base, a marca de proveniência da olaria e a informação “Edition Picasso” (Edição Picasso), também assinada pelo espanhol. Essas características são comuns com as outras unidades do múltiplo. Entretanto, nos documentos que tratam da transferência da coleção de Murilo Mendes para o Brasil não constam outras informações sobre a cerâmica, como seu título e ano de produção.

“A única informação oficial que temos sobre a obra de Picasso é que se trata de uma bilha em barro, conforme consta no Termo de Contrato de Transferência do Acervo de Arte de Murilo Mendes, firmado entre o governo brasileiro e Maria da Saudade Cortesão Mendes”, destaca o superintendente do MAMM/UFJF, Aloisio Castro.

Daniel retorna ao museu

No final de março, Daniel Barreto retornou ao museu a convite de Castro. Ele foi recebido pelo superintendente, que o parabenizou pela descoberta. “A Coleção Murilo Mendes vem sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores ao longo das décadas. Por ser uma coleção considerada grande, algumas lacunas ainda precisam ser preenchidas. Quando Daniel busca informações sobre o bem cultural musealizado, ele é partícipe da construção do conhecimento. Sua atitude é louvável e merece felicitações!”, conclui.