Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM

Lembrança de Tomie Ohtake

tomie5_ foto Newton Aguiar AE 1988

Tomie Ohatke 
(foto de Newton Aguiar/Agência Estado, 1988)

 

O MAMM, orgulhosamente, possui entre as peças de seu acervo duas obras da grande artista Tomie Ohtake, falecida nesta quinta, 12 de fevereiro. Os trabalhos, uma serigrafia e outra gravura em metal, foram doados ao museu em épocas distintas.

A serigrafia foi produzida inicialmente em formato de acrílica sobre tela para Eco 92-congresso internacional promovido pela Organização das Nações Unidas para discutir relações do homem com o meio ambiente- , a partir da qual foram elaboradas obras serigráficas que depois foram distribuídas à instituições de arte e cultura do país pelo Banco Bozano, Simonsen em 2012.

Já a gravura em metal foi doada em 1999 pelo Museu Castro Maya – Chácara do Céu em razão de seu projeto “Sociedade dos Amigos da Gravura”,  idealizado para promover a divulgação da arte gráfica contemporânea brasileira. Entre os nomes promovidos pelo projeto, além de Tomie,  estão Rubens Gerchman, Beatriz Milhazes, Lygia Pape, entre outros.

BIO

Nascida em 21 de novembro de 1913, no Japão, Tomie Ohtake pisou em terras brasileiras pela primeira vez em 1936, com o objetivo de visitar o irmão que trabalhava em São Paulo. A viagem que era para durar apenas alguns meses  tornou-se permanente em razão do início Guerra do Pacífico (1937-45). Durante esse tempo, viveu na casa do irmão Masutaro, que trabalhava com comércio exterior e tinha contato com diversos imigrantes japoneses, entre eles seu futuro marido, Ushio Ohtake. Dessa união nasceram os filhos Ruy e Ricardo Ohtake.

Apenas no ano de 1951 Tomie volta ao Japão desde sua partida. Em 1952 retorna ao Brasil e realiza suas primeiras pinturas, incentivada pelo artista japonês Keisuke Sugano, que estava de passagem pelo país. As primeiras telas de Tomie focalizavam as ruas e vistas de São Paulo, além de naturezas mortas e retratos.

Em 1953, suas obras começam a ficar mais livres e ganharam formas abstratas de traço curvo que a notabilizaram. As transformações em seu trabalho podem ser notadas também nos anos seguintes, quando começa um processo de exploração de gravuras e produção de serigrafias. Durante esse período, entre as décadas de 1950 e 1960, participa de diversas bienais e salões nacionais e regionais, sendo premiada na maioria deles. Na Bienal de São Paulo, recebeu o prêmio Itamaraty. No exterior, entre outras exposições, foi convidada para participar da Bienal de Veneza no ano de 1972.

Durante a década de 1980, realizou uma série de obras públicas, entre elas a “Estrela do Mar, nas Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Criou também uma série de gravuras em metal com o impressor Cláudio Vasquez, e promoveu dez exposições simultâneas em diferentes capitais do país. Em 1990, as pinturas voltam a fazer parte de seu trabalho, dessa vez  em cores uniformes que muitas vezes geram a sensação de profundidade e transparência. Nos anos 2000 inaugura o Instituto Tomie Ohtake e segue produzindo painéis e esculturas públicas e participando de exposições.

Em 2013, a artista comemorou seu centenário com produções recentes expostas na Galeria Nara Roesler, em São Paulo, sob o título de “Pintura e Pureza”. Tomie Ohtake continuou sua produção artística até as vésperas de seu falecimento em 12 de fevereiro de 2015, aos 101 anos.

Serigrafia, sem título, 100x100, 1995

Serigrafia, sem título, 100×100, 1995

Gravura em metal, sem título, 20x30 cm, 1995

Gravura em metal, sem título, 20×30 cm, 1995

 

 

 

 

 

 

 

 

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