Museu de Arte Murilo Mendes | MAMM
Como explica o restaurador visitante, o interesse pelo trabalho desenvolvido no MAMM surgiu do crescimento de demandas de obras de arte em suporte de papel e de documentação no Núcleo de Conservação e Restauração da UFES. “O crescimento dos trabalhos nos força a buscar meios mais eficientes e ágeis na metodologia de tratamento de acervos culturais. Com essa exigência aumentando, nossa equipe do Núcleo já tinha ouvido falar do trabalho desenvolvido no MAMM, e, devido a semelhanças de acervo, pensamos que os restauradores daqui poderiam acrescentar conhecimento às tarefas que executamos lá”, afirma.
Em razão da diversidade de atividades executadas no laboratório, nessa primeira visita o treinamento profissional voltou-se sobretudo para a técnica de reconstituição de papel realizada através da Máquina Obturadora de Papel, mais conhecida como MOP.
Em síntese, a MOP é usada como recurso para preencher partes faltantes em suportes de papel. A reintegração do material é feita por meio da análise da gramatura, da cor e do tipo de fibra que será tratada. Após essa análise, calcula-se a área faltante no suporte original, que por sua vez é levado à MOP e fica imerso numa solução composta por fibras de celulose e adesivos específicos. Conforme o líquido escoa, as fibras depositam-se nas áreas faltantes e então o suporte é reconstituído.
Segundo Costa, os recursos técnicos aprendidos no MAMM ajudarão no aprimoramento do uso da máquina na entidade coirmã. “Com as técnicas aprendidas aqui, nosso trabalho ganhará em acabamento e em prazo, porque além de ser mais eficiente é mais rápido”. De acordo com o restaurador, o conhecimento obtido no MAMM será repassado aos colegas da instituição num seminário realizado pelo Núcleo de Conservação e Restauração da UFES no próximo ano.
Costa também ressalta a qualidade estrutural do laboratório para execução das tarefas de restauração. “Pretendo vir mais, porque desta vez ficamos focados muito na reintegração do papel e há outros aspectos envolvendo restauração de obras de arte que nos interessam. Porém, outra coisa que vou levar de imediato é o modelo de organização e estrutura e montagem do laboratório. O modelo espanhol usado aqui é realmente uma referência, tanto na metodologia de trabalho quanto na distribuição e nos tipos de equipamentos utilizados. Nesse laboratório do MAMM, o modelo aplicado concretamente e com eficiência é um exemplo!”, ressalta o restaurador.
Composto por dois funcionários, o restaurador Aloísio Arnaldo de Castro e o técnico Lauro Bohnenberger e bolsistas de treinamento profissional, o Laboratório de Restauração e Conservação de Papel do MAMM é conhecido no contexto dos laboratórios universitários dedicados à preservação, conservação e restauração dos acervos culturais em suporte de papel. .
Como destaca Aloísio de Castro, o intercâmbio com o Núcleo de Conservação da UFES reafirma o compromisso de diálogo do MAMM com outras instituições engajadas na conservação-restauração de acervos culturais. “O interesse de outras entidades no trabalho que realizamos aqui nos honra e só reforça o debate e a construção de políticas públicas de preservação do patrimônio cultural.”